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Afinidades entre maneiristas e surrealistas

Nas últimas décadas não publiquei os resultados da maior parte das investigações. Alguns apontamentos no blogue Tendências do Imaginário e um ou outro artigo por convite foram as exceções. Acumulei, entretanto, “legos” de conhecimento. Dando a vida voltas, entendo, agora, partilhá-los. Encetei várias conversas, montagens dos referidos legos: “Amor e morte nas esculturas funerárias”, em outubro, “Apontamentos sobre o ensino da arte” e “O olhar de Deus na cruz: o Cristo estrábico”, em novembro, “Vestir os nus: censura e destruição da arte”, em fevereiro e “A ambivalência do crime na arte”, em maio. “Antepassados do surrealismo: O Maneirismo, será a próxima, no dia 27 de maio, às 17 horas, no Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa. Outras se seguirão, a um ritmo, previsivelmente, mais razoável.

“Antepassados do surrealismo: o maneirismo” perspetiva-se como uma conversa que convoca as principais componentes de um percurso que acumulou e montou, décadas a fio, um conjunto apreciável de legos resultantes de uma investigação caprichosa mas persistente. Associam-se-lhe textos emblemáticos, tais como “O delírio da disformidade” (2002); “Vertigens do barroco” (2007); “Dobras e fragmentos” (2009); e “Como nunca ninguém viu” (2011). Em suma, sintetiza, identifica, motiva e expõe, em jeito de balanço a partilhar.

À maneira das obras abordadas, a conversa deseja-se mais um espetáculo do que uma lição. Inspira-se mais na arte do que na ciência. Portanto, menos espírito de missão e mais instinto de prazer, próprio e alheio. Sobrará, mais ou menos a propósito, tempo para músicas, videoclipes e anúncios publicitários. O conteúdo essencial radica, porém, numa mão cheia de apresentações que confrontam artistas, por um lado, do auge do maneirismo da segunda metade do século XVI (e.g. François Desprez, Wenzel Jamnitzer, Lorenz Stoer, Giovanni Battista Braccelli e Giuseppe Arcimboldo) e, por outro, das vanguardas da primeira metade do século XX, mormente surrealistas, proto-surrealistas e, de algum modo, associáveis (e.g. Giorgio di Chirico, Max Ernst, René Magritte, Salvador Dali, mas também Pablo Picasso, Kasimir Malevich ou Mauritis C. Escher).

Cristalizar parte substantiva de uma vida num momento é aposta arriscada. Para partilhar, convém ser mais que um. Será grato contar com a sua presença.

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Dos quatro textos mencionados, aproveito para adicionar os três não disponibilizados no Margens:

– “O delírio da disformidade: O corpo no imaginário grotesco”, Comunicação e Sociedade, Vol. 4, 2002, pp. 117-130;

– “Vertigens do presente: A dança do barroco na era do jazz, in Mata, Aida Maria Reis da; Gonçalves, Albertino, Ferreira, Ângela Mendes & Pereira, Luís da Silva (2007), Vertigens do barroco em Jerónimo Baía e na actualidade. Edição: Mosteiro de São Martinho de Tibães.

– “Dobras e fragmentos: A turbulência dos sentidos na publicidade de automóveis”, in Gonçalves, Albertino (2009), Vertigens: Para uma sociologia da perversidade. Coimbra: Grácio Editor, pp. 47-90.

Trabalhadores do Contrabando. Caminhos de Inquietude

Melgaço, entre o Minho e a Serra é um blogue de Valter Alves dedicado à história e às gentes do concelho “mais ao norte de Portugal”. Ímpar e exaustivo, não há fonte registro nem fonte que não desencante. Em artigo colocado em 14 outubro de 2016, convoca o documentário “Traballadores do Contrabando”, uma produção da Alen Films e da Televisión de Galicia, de 2006.

“Trabalhadores do contrabando” é o nome de um documentário produzido na Galiza que nos fala desta atividade tão antiga como a existência das fronteiras. Ouça ex-contrabandistas melgacenses e de Arbo a falar sobre esses tempos onde o contrabando era um verdadeiro “modo de vida”, essencial para a sobrevivência de muitas famílias em tempos difíceis….. Veja o vídeo completo! (https://entreominhoeaserra.blogspot.com/2016/10/documentario-trabalhadores-do.html?fbclid=IwAR1hSnVk9YTn18f7mgyQIXQGcXzXxFXr3xYma8Zc5gzRtOlD_zOMYyxyYLg).

Trata-se de uma obra notável sobre o contrabando nas margens do rio Minho. Tem a assinatura de Victor Aparício Abundancia, responsável pela realização e pelo argumento. Tive o prazer de participar nesta iniciativa. Cabe-me fazer a transição entre as diversas partes do documentário. / Victor Aparício Abundância também é conhecido por Victor Coyote. Figura multifacetada, fundou a banda Los Coyotes, em Madrid, em 1980 (…) Victor Coyote também desenha e escreve. Por exemplo, Cruce de Perras y Otros Relatos de los 80, Visual Books, 2006; ou Tio Budo, Fulgencio Pimentel e hijos, 2014 (Albertino Gonçalves, “Trabalhadores do contrabando”: https://tendimag.com/2016/10/16/traballadores-do-contrabando/).

É uma oportunidade para partilhar dois textos:

– O capítulo de Valter Alves, “Castro Laboreiro em Tempo de Guerra (1942-1943): Volfrâmio e Contrabando”, no livro Sociologia Indisciplinada (Húmus, 2022, pp. 435-462);

– A comunicação que apresentei em 2006: “Caminhos de inquietude. A organização do contrabando no concelho de Melgaço”, em O Miño, unha corrente de memoria : actas das Xornadas sobre a represión franquista no Baixo Miño, (2006-2007), Edicións Alen Miño, S. L., 2008, pp. 242-249.

Traballadores do contrabando. Documentário. Direção: Victor Aparício Abundância. Produção: Alen Films e Televisión de Galicia. 2006. Duração: 53 minutos