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As duas caras: A oliveira e o leão

Por António Amaro das Neves

“Tenho particular apreço pelos autores que ousam acrescentar novas camadas de sentido a realidades, designadamente do património histórico e cultural, cuja interpretação parece saturada ao nível do senso comum vulgar ou sábio. António Amaro das Neves consegue-o a propósito do Guimarães, o Homem das Duas Caras, estátua icónica dos vimaranenses, no texto surpreendente “As duas caras: A oliveira e o leão”, escrito para o livro Sociologia Indisciplinada. São obras como esta que costumo eleger como fonte de inspiração e me motivam, confesso, uma ponta de inveja.

Segue, em pdf, a versão a cores do capítulo “As duas caras: A oliveira e o leão”, da autoria de António Amaro das Neves, do livro Sociologia Indisciplinada (coordenado por Rita Ribeiro, Joaquim Costa e Alice Delerue Matos), Edições Húmus, 2022, pp. 55-68″ (Albertino Gonçalves).

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António Amaro das Neves, historiador, mestre em História das Populações, investigador do CITCEM. Foi presidente da direção da Sociedade Martins Sarmento e coordenador editorial da Revista de Guimarães. Autor, coautor e organizador de diversas publicações. Mantém ativo, desde 2007, o blogue Memórias de Araduca, dedicado à história, às tradições e à cultura de Guimarães e do Minho.

Trabalhadores do Contrabando. Caminhos de Inquietude

Melgaço, entre o Minho e a Serra é um blogue de Valter Alves dedicado à história e às gentes do concelho “mais ao norte de Portugal”. Ímpar e exaustivo, não há fonte registro nem fonte que não desencante. Em artigo colocado em 14 outubro de 2016, convoca o documentário “Traballadores do Contrabando”, uma produção da Alen Films e da Televisión de Galicia, de 2006.

“Trabalhadores do contrabando” é o nome de um documentário produzido na Galiza que nos fala desta atividade tão antiga como a existência das fronteiras. Ouça ex-contrabandistas melgacenses e de Arbo a falar sobre esses tempos onde o contrabando era um verdadeiro “modo de vida”, essencial para a sobrevivência de muitas famílias em tempos difíceis….. Veja o vídeo completo! (https://entreominhoeaserra.blogspot.com/2016/10/documentario-trabalhadores-do.html?fbclid=IwAR1hSnVk9YTn18f7mgyQIXQGcXzXxFXr3xYma8Zc5gzRtOlD_zOMYyxyYLg).

Trata-se de uma obra notável sobre o contrabando nas margens do rio Minho. Tem a assinatura de Victor Aparício Abundancia, responsável pela realização e pelo argumento. Tive o prazer de participar nesta iniciativa. Cabe-me fazer a transição entre as diversas partes do documentário. / Victor Aparício Abundância também é conhecido por Victor Coyote. Figura multifacetada, fundou a banda Los Coyotes, em Madrid, em 1980 (…) Victor Coyote também desenha e escreve. Por exemplo, Cruce de Perras y Otros Relatos de los 80, Visual Books, 2006; ou Tio Budo, Fulgencio Pimentel e hijos, 2014 (Albertino Gonçalves, “Trabalhadores do contrabando”: https://tendimag.com/2016/10/16/traballadores-do-contrabando/).

É uma oportunidade para partilhar dois textos:

– O capítulo de Valter Alves, “Castro Laboreiro em Tempo de Guerra (1942-1943): Volfrâmio e Contrabando”, no livro Sociologia Indisciplinada (Húmus, 2022, pp. 435-462);

– A comunicação que apresentei em 2006: “Caminhos de inquietude. A organização do contrabando no concelho de Melgaço”, em O Miño, unha corrente de memoria : actas das Xornadas sobre a represión franquista no Baixo Miño, (2006-2007), Edicións Alen Miño, S. L., 2008, pp. 242-249.

Traballadores do contrabando. Documentário. Direção: Victor Aparício Abundância. Produção: Alen Films e Televisión de Galicia. 2006. Duração: 53 minutos

Os coletes amarelos. Um imaginário da revolta na era digital

Surgem estudos que, sem recurso a dispositivos de investigação tais como observatórios, institutos de sondagens ou bases de dados, logram captar dinâmicas e tendências sociais emergentes, em status nascendi. Com o tempo, não perdem, adquirem relevância. É o caso do ensaio de Jean-Martin Rabot sobre o movimento dos “coletes amarelos” em França enquanto sintoma de um novo imaginário e de um novo tipo de mobilização suscetíveis de subverter os regimes democráticos instalados através do retorno a outras formas de socialidade.

Revolta gaulesa. As ruas de Paris em chamas

Violência em França. 23 de março de 2023 © Alain JOCAR / AFP

“A semana [19 a 25 de março] mais tensa da vida política e social francesa do último ano terminou esta quinta-feira com mais uma demonstração de dissonância total entre as ruas e o Presidente. O nono dia de manifestações contra a reforma do sistema de pensões de Emmanuel Macron teve protestos que atraíram mais de um milhão de pessoas em mais de 200 cidades, greves e bloqueios um pouco por toda a França (…) Ainda o desfile organizado pelas centrais sindicais não tinha chegado ao fim e já a zona em redor da Ópera de Paris estava transformada num campo de batalha em que os manifestantes black bloc e a polícia coreografavam avanços e recuos, ataques e contra-ataques. Vestidos de negro e com a cara coberta, dezenas de pessoas partiram montras, incendiaram lixo e quiosques, montaram barricadas, atiraram pedras, garrafas e cocktails Molotov à polícia. Esta respondeu lançando gás lacrimogéneo” (https://www.publico.pt/2023/03/23/mundo/noticia/ruas-franca-voltam-encherse-aumento-idade-reforma-2043588)”